quarta-feira, 24 de abril de 2013

VIDA NA PRISÃO S-21: DA TORTURA AO EXTERMÍNIO


Ao chegarem à prisão, os prisioneiros eram fotografados e era exigido que fizessem uma biografia detalhada de suas vidas, começando por sua infância e terminando por sua prisão. Feito isso, eram forçados a retirarem suas roupas íntimas e seus bens eram confiscados, e então, os prisioneiros eram levados a suas celas. Aqueles que eram levados a celas menores (as baias individuais) eram algemados às paredes ou ao chão de concreto. Os prisioneiros levados às celas maiores (coletivas) eram algemados a longas barras de aço. Os prisioneiros dormiam no chão, pois não havia colchões, redes ou cobertores no presídio. 
O dia na prisão começava às 4:30 da manhã, quando os prisioneiros eram evacuados de suas celas para inspeção. Os guardas inspeccionavam se as algemas estavam frouxas ou se havia algum objeto escondido que pudesse ser usado pelos prisioneiros para que se cometesse suicídio. Com o passar dos anos, muitos prisioneiros tiveram sucesso nas suas tentativas de suicídio e  então os guardas passaram a ser mais minuciosos ao verificar folgas em correntes e ao procurar objetos em celas.
A prisão possuia regras extremamente rígidas, e brutais espancamentos eram aplicados como punição a todo e qualquer prisioneiro que as infligisse. Praticamente todas as acções tomadas pelos internos deveriam ser aprovadas pelos monitores. As humilhações eram cruéis e frequentes: não raros eram os casos em que prisioneiros eram forçados a comer fezes e beber a urina de outros prisioneiros. As condições sub-humanas e a falta de higiene freqüentemente causavam diversas doenças. As unidades médicas da prisão estavam unicamente  orientadas para  se limitarem a manter os internos vivos até o término dos interrogatórios.
A maioria dos internos da S-21 eram mantidos por lá durante 2 ou 3 meses.  Ao fim de dois ou três dias após serem levados a S-21, todos os prisioneiros eram conduzidos ao interrogatório.
Sala de interrogatório


O sistema de tortura em Tuol Sleng foi projectado para fazer com que os internos confessassem quaisquer crimes de que fossem acusados pelo “partido”. Os prisioneiros eram rotineiramente agredidos e submetidos a tortura com choques elétricos, instrumentos de metal incandescentes e sufocamento com sacos plásticos. Métodos amplamente utilizados para obter confissões incluíam o uso de afogamento simulado, remoção de unhas do prisioneiro com despejamento de álcool sobre a ferida, e a remoção da pele de algumas partes do corpo (com as vítimas ainda vivas). Mulheres muitas vezes eram estupradas por guardas e apresentavam genitais mutilados e  seios amputados. Apesar da maioria dos prisioneiros terem morrido devido a esse tipo de abuso, os oficiais não eram encorajados a matá-los, já que o Khmer Vermelho precisava de suas confissões.
Nas suas confissões, os prisioneiros eram obrigados a descrever sua historia de vida pessoal. Se fossem membros do partido, deveriam descrever suas funções dentro da Angkar. Depois deveriam relatar seus supostos actos de traição em ordem cronológica. O terceiro passo da confissão descrevia a transcrição das supostas conversações e dos planos frustrados de traição. Por último, o traidor nomearia uma série de outros supostos traidores, que poderiam incluir seus amigos, colegas, família e conhecidos. Algumas dessas “listas” continham mais de 100 nomes. As pessoas cujos nomes constavam nessas listas eram, na maioria das vezes trazidas para interrogatório e todo o processo recomeçava....




No primeiro ano de existência da S-21, os cadáveres eram enterrados nas proximidades da prisão. Nos anos seguintes,  os oficiais acabaram por ficar sem espaço físico para enterrar os cadáveres, então, os prisioneiros e suas famílias passaram a ser levados ao Centro de Extermínio Choeung Ek,  
a cerca de quinze quilômetros de Phnom Penh. Lá, eles eram mortos com bastões, barras de ferro, machados,  moto-serras, e muitas outras armas brancas. Após as execuções, as vítimas eram enterradas pelos soldados em sepulturas coletivas que comportavam de 6 a 100 corpos simultaneamente.

Há somente  notícia de que apenas doze pessoas  sobreviveram.  Desses, apenas quatro se encontram ainda vivos: Vann NathChum MeyBou Meng e Chim Math, a única mulher entre os sobreviventes. Os três homens foram mantidos vivos porque eles tinham habilidades que os oficiais julgavam ser úteis para o partido. Vann Nath era um artista habilidoso e foi indicado para pintar retratos de Pol Pot.  Bou Meng, cuja esposa foi morta na prisão também é um artista. Chum Mey foi mantido vivo por razão de sua perícia em maquinaria. Chim Math foi mantida em Tuol Sleng por 2 semanas e transferida para a unidade prisional de Prey Sar. Ela pode ter sido poupada pelo facto de ser oriunda do distrito de Stoeung, em Kampong Thom, local de nascimento de Kang Kek Iev, o “Camarada Duch”

1 comentário:

  1. Se houve um regime DESPÓTICO, SELVAGEM E BESTIAL foi este. O genocídio nazi foi "muito civilizado" comparado com este. O principal responsavel por isto, Pol Pot, estudou em Paris vários anos. Leiam as descrições atentamente que não se arrependerão.ZM

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