quarta-feira, 26 de junho de 2013

SERENGETI - OS "BIG FIVE"

Serengeti é o maior e mais importante parque natural da Tanzania e de toda a África. É geralmente conhecido devido à maior migração de animais mamíferos do mundo o que é considerado uma maravilha da natureza











A palavra "Serengeti" provém da língua masai, na qual "Serengit" significa "planícies intermináveis"
Quando subimos ( eu, meu marido e o nosso amigo e companheiro de viagem Rafael) a um pequeno monte à entrada do parque, podemo-nos aperceber  da imensidão sem fim da planície..

Quem vai para África e especialmente fazer safari tem geralmente uma meta a cumprir: ver os big five ou seja  os cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem.
Já tinhamos tido a sorte de ver 4 inclusive o "raro e dificil"  rinoceronte...
Os big five são:


  • O leão  é um grande carnívoro felino da África e nordeste da Índia, possuindo um pelo curto, cauda e o leão macho possui uma juba característica ao redor do pescoço e ombros.
  • O elefante africano é um grande herbívoro possuindo uma pele grossa e quase sem pelos, uma tromba longa e flexível, corpo característico com o tronco forte e pesado, dois incisivos superiores longos e curvos de marfim, orelhas grandes de abano. 
  • O búfalo-africano  é um grande bovino ruminante. É considerado o mais perigoso dos Big Five pelos relatos de ataques e mortes de caçadores.
  • O leopardo  é um carnívoro felino que possui tipicamente pelo dourado-alaranjado marcado por rosetas negras. O leopardo é talvez o animal mais difícil de ser caçado, pelo seu comportamento e hábitos noturnos de alimentação.
  • O rinoceronte  é um grande mamífero herbívoro de pele grossa e encouraçada, podendo possuir 1 ou 2 chifres na frente da cabeça.

Faltava-nos ver o leopardo...Sabia que muitos turistas repetem durante anos safaris para conseguirem observar estes big five..Claro que eu gostaria de os ver mas não tinha grandes expectativas...
Quando o guia parou o jipe e apontou para umas árvores e disse..ali está um leopardo fiquei bem contente...só que foi tão difícil vê-lo..olhava para todos os ramos e troncos das varias arvores que estavam no local e  nada...

Ao fim de um certo tempo consegui ver..lá estava ele ...o nosso 5º Big Five...

















domingo, 23 de junho de 2013

OLDUVAI : BEM VINDOS A CASA..

Em Olduvai disserem-nos que éramos bem vindos a casa...era dali que tinhamos partido há milhões de anos...foi emocionante...
Não posso deixar de transcrever  uma crónica de Luis Queirós publicada no Jornal de Negócios  em 2011..


O desfiladeiro de Olduvai, situado no norte da Tanzânia, a leste das planícies do Serengeti, no território dos Maasai, pode muito bem ter sido o berço da Humanidade.
Aí foram encontrados os mais antigos vestígios do "homo habilis", e dos artefactos por ele utilizados, que datam de há quase dois milhões de anos. Mas, caso se venha a confirmar ter sido este o local da nascente do caudaloso rio que é o percurso da aventura humana, não é seguramente certo que o "homo sapiens", directo descendente do "homo habilis", regresse um dia a Olduvai, ainda que esse regresso seja entendido como a metáfora que simboliza o retorno às origens, ou ao tempo da pedra lascada, por uma Humanidade despojada de recursos.

Mas terá sido este o conceito no qual o Dr. Richard C. Duncan, um engenheiro de petróleos e director do "Institute on Energy and Man", e um especialista em recursos energéticos, se inspirou para encontrar o nome para uma teoria que desenvolveu, e que é apologética de um próximo apocalipse civilizacional: a teoria Olduvai. Esta teoria fundamenta-se nos seguintes princípios:

1. O período que vivemos na actualidade, que ele designa de "Civilização Industrial", é uma ocorrência isolada e de curta duração.

2. A variável que caracteriza a Civilização Industrial e que com ela se confunde é o consumo energético "per capita".

3. O consumo energético "per capita" já passou o seu apogeu, e vai declinar, num prazo curto, para valores anteriores ao advento da Civilização Industrial.

Para Duncan, o "Pico Civilizacional" terá ocorrido em 1979 (embora as estatísticas mais recentes não o confirmem), e as três fases que se seguem após esse Pico Civilizacional correspondem a três períodos de declínio, progressivamente mais acentuado: 1) a descida suave ("the slope") de 1979 a 1999; 2) a descida acentuada ("the slide") de 2000 a 2011 e, finalmente, 3) o precipício ("the cliff"), após 2011.

Tal como Malthus já o havia feito, comparando a evolução dos recursos alimentares e a evolução da população, Richard Duncan estabelece a comparação entre o crescimento populacional e o crescimento do consumo energético para concluir que o consumo energético "per capita" vai diminuir rapidamente, e, em consequência disso, o mundo se encaminhará, de forma acelerada, para uma situação catastrófica. Para aquilo que ele chama o fim da civilização pós-industrial, com ocorrência de apagões eléctricos, e de outras situações caóticas provocadas por progressivas falhas organizativas e estruturais.

Vistas bem as coisas, a teoria Olduvai não acrescenta muito à discussão que, desde há muito, se desenvolve à volta do "pico energético" ou do "pico do petróleo". A experiência tem mostrado que a indicação ou a previsão de datas muito precisas para situar o "momento do pico" só servem para dar importância ao acessório, e acabam por desviar as atenções do essencial, que é a insustentabilidade do actual modelo de desenvolvimento. Saber se as mudanças irão ocorrer dentro de 5 ou 20 anos não altera o cerne da questão. Elas vão forçosamente ter de ocorrer porque o que está em causa é algo mais importante que a opinião dos homens ou a visão dos profetas. São as leis da Física que enunciam a impossibilidade do crescimento contínuo em sistemas finitos, e as leis da termodinâmica adaptadas à economia, e que mostram as condicionantes desse crescimento.

O senso comum e a observação da natureza já nos ensinaram que os rios não voltam para trás, que seguem o seu percurso inexorável até ao mar. Por isso, nunca mais regressaremos a Olduvai. Mas a pequena gota de água que um dia se juntou a outras para formar a corrente humana há-de cumprir o seu ciclo. Um dia voltará a subir à nuvem, e daí regressará, de novo, à terra. E o ciclo irá recomeçar... 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

GARGANTA DE OLDUVAI

Olduvai- as plantas espinhosas à direita..

garganta de Olduvai constitui um dos lugares mais importantes no leste da África . Esta zona é oficiosamente conhecida com o apelido de "berço da humanidade".
Actualmente, o governo tanzaniano prefere denominar o local com o seu nome original masai, "Oldupai", e assim se encontra escrito nos indicadores das estradas. O nome provém da abundância nesta zona da planta do mesmo nome, cuja principal característica é que retém água no seu interior, pelo que, quando este líquido escasseia, é mastigada por elefantes e masai. 

Há milhões de anos este local era ocupado por um grande lago cujas beiras foram cobertas com depósitos sucessivos de cinzas vulcânicas. Por volta de 500 000 anos atrás, a atividade sísmica produziu a modificação da rede fluvial, drenando o lago e começando a erodir os sedimentos. Atualmente, nas paredes da garganta, ficou a descoberto um conjunto estratigráfico de cerca de 100 m de espessura no qual se diferenciaram até sete níveis principais

Aqui foram encontrados os mais antigos fósseis da espécie humana, que datam de milhões de anos atrás. Denominados australopitecos , esses fósseis eram pequenos bípedes, com 1,20m, pesavam entre 25 e 50 quilos e tinham uma pequena caixa craniana. A postura vertical, a liberação das mãos para o manuseio e o estímulo cerebral forneceu à espécie bípede e, conseqüentemente, à evolução humana, o desenvolvimento das habilidades culturais.

A partir desses pequenos bípedes, conta a história que se sucederam os fósseis maiores, chamados australopitecos grandes ou parantropos, que possuíam o tamanho do homem de hoje e uma caixa craniana ligeiramente maior que também foram encontrados na Garganta de Olduvai
Por este motivo a Unesco considera este local o BERÇO DA HUMANIDADE

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ADEUS CRATERA DE NGORONGORO

Estava na hora de seguirmos viagem até ao Seringeti. Enquanto percorríamos  o caminho de saída de Ngorongoro continuávamos a ver animais selvagens como búfalos, avestruzes ( muito maiores do que normalmente se vêem  em Portugal ), zebras...




















Saindo da zona da cratera encontrámos muitas girafas que são das poucas espécies que não habitam dentro da cratera dado que a vegetação lá existente não é própria para elas..





Como  os masai são os únicos habitantes com permissão para viver dentro do parque ( segundo as autoridades, eles são o único povo que conseguem ter uma convivência plenamente harmoniosa com a natureza) podemos vê-los pastoreando por aquelas terras..e pedindo uma garrafa de água a quem passa..

sexta-feira, 14 de junho de 2013

OS LEÕES DE NGORONGORO

As paredes de 600 metros de altura não compõem uma barreira geográfica ao trânsito de muitos animais, já que acontecem migrações. Leões que ali nasceram, marcados por pesquisadores, foram encontrados no Parque Nacional do Serengeti, que fica a mais de 100 quilometros.





 O mais comum, porém, é que esses animais permaneçam ali mesmo, pois embora os carnívoros ocupem grandes áreas, o espaço dentro da cratera é suficiente.










Por isso, e porque é raro leões de fora entrarem lá, existe o problema da consangüinidade entre os leões da cratera. Ou seja, de tanto se cruzarem entre si mesmos, têm parametros genéticos muito parecidos e são mais frágeis — uma mudança ambiental, por exemplo, poderá dizimá-los.Em 1962, a população de 70 leões teria sido reduzida a 10 devido  a ataques cíclicos de moscas do género stomoxys. Em 2001, um novo surto matou quase uma dezena de animais. Hoje, calcula-se que a população esteja entre 60 e 80 leões, mas os problemas genéticos ainda não foram resolvidos.















Estavam ( 8 no total) pachorrentamente deitados no trilho, interrompendo o "trânsito"...faziam a digestão pois a caçada da noite devia ter sido muito eficaz.





Um deles acordou, resolveu levantar-se , "cumprimentou" ternurentamente o/a amigo/a ..








...passou pelo nosso jipe. Tive a tentação de lhe tocar pois bastava colocar a mão de fora da janela que estava ( e não devia..) aberta. O guia deve ter lido os meus pensamentos pois mandou-nos estar bem quietos...eu acho que deixei de respirar..










Foi-se deitar à sombra do jipe..para ele os carros são animais  pacíficos que não vale a pena atacar pois não são comestíveis...não podem é perceber que dentro dos jipes vão bons petiscos...







Num instante estávamos rodeados pelos 8 leões. Esperámos que eles se cansassem de ali estar o que não aconteceu. Muito devagar o "animal" jipe movimentou-se e lá conseguimos prosseguir viagem...foi um momento inesquecível...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

DESCENDO AO FUNDO DA CRATERA DE NGORONGORO

Dentro da cratera existe um mosaico dos ecossistemas do leste africano, com savanas, riachos, lagos, florestas e pântanos, onde habitam milhares de animais selvagens ( calcula-se 25000 no total). Há aproximadamente 3 000 búfalos, 8 000 gnus, 7 000 zebras, 100 leões, 400 hienas, 70 elefantes, entre outro animais "raros"e  uma infinidade de pássaros.
Javali


As paredes de 600 metros de altura não compõem uma barreira geográfica ao trânsito de muitos animais, no entanto a  maioria dos animais prefere permanecer lá dentro, por causa da abundância de alimentação e existência de água doce
 Para se descer no interior da cratera, é preciso estarmos acompanhados de um motorista-guia. Cercados de animais somos proibidos de sair do carro e transitar a pé, e só podemos fotografar e filmar por uma abertura no teto do veículo. Também não é permitido dirigir fora dos trilhas, e teoricamente não pode haver mais de cinco carros observando a mesma cena, o que nem sempre se cumpre quando se observa algum animal/situação rara...







À medida que o motorista percorre lentamente o fundo da cratera, passámos por um  lago salgado com muitos flamingos rosados A borda da cratera que agora fica para trás  destaca-se  contrastando com o céu azul. Pode-se ouvir o barulho de zebras e gnus misturado com outros sons exóticos. Sem dúvida, é um paraíso!
Vimos aqui os maiores elefantes.Um deles tinha  presas que  mediriam quase dois metros e estavam bem próximas do solo. Como as presas nunca param de crescer, não é difícil calcular que este gigante também deveria ser o mais idoso de todos. Na cratera só se encontram elefantes machos. Isso acontece porque as manadas que incluem as fêmeas tendem a ser muito grandes e, além de raramente passarem pela cratera durante suas migrações, não encontram ali comida suficiente .



















Tivemos uma sorte imensa de ver 3  rinocerontes negros  a poucos metros . Foi uma oportunidade rara observá-los tão de perto no seu habitat. Esta fera que inspira medo está quase em extinção e estima-se que haja menos de 20 na cratera...é um dos "big five" mais difícil de observar...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CRATERA DE NGORONGORO

Saímos do Quénia e após muita burocracia entrámos na Tanzania. Ganhámos uma  muito agradavel companhia para o resto da viagem, Rafael, brasileiro e amante da natureza como nós...a sua companhia foi uma mais valia inesperada.
Almoçámos em Arusha e daí seguimos para Ngorongoro
Estavamos na borda de uma imensa cratera circular de quase 20 km de diâmetro. A vista lá de cima era surpreendente, pois o interior do vulcão aparece como um enorme buraco,  600 metros abaixo do local onde nos encontrávamos
A cratera de Ngorongoro surgiu há 2,5 milhões de anos, quando o vulcão que existia naquele lugar desabou. Esse vulcão tinha altura quase igual à do Monte Kilimanjaro. Seu interior, porém, era um tanto oco, e o topo sustentado apenas pelas constantes erupções de lava. Quando esta lava começou a ser expelida por buracos formados nas paredes do vulcão, o topo perdeu sua sustentação e implodiu, formando a cratera, cuja borda perfeita tem uma altitude de 2 100 metros
É a maior e mais completa caldeira existente no mundo, cercada por paredes quase intactas do antigo vulcão.
É também considerada a Arca de Noé da África Oriental, por abrigar no seu seio a quase totalidade das espécies animais daquela região, integrados num ecossistema que ainda não foi afectado pela mão do homem. Observado do alto das suas falésias ou do fundo da sua vastíssima cratera, a cratera de  Ngorongoro é  chamada de “a oitava maravilha do mundo”

sábado, 8 de junho de 2013

ADEUS QUÉNIA - ASANTE!!!! ( obrigada)

Acordámos com o nascer do sol pois estávamos de partida para a Tanzania.

Despediamo-nos do Kilimanjaro e das sua neve eterna..

Pelo caminho fomos vendo grous coroados
 e hipopótamos no seu SPA..








Um grupo de camelos vagueava indolentemente
















Havia uma serenidade que se sentia " no ar" mas que depressa de diluiu quando chegámos à fronteira com a Tanzania...há muito tempo que não passavamos uma fronteira terrestre e foi uma corrida para obter carimbo de saída e  visto de entrada pois todas as condições de infra estrutura eram muito primárias.





Entrámos então na Tanzania..






quarta-feira, 5 de junho de 2013

TRIBO MASAI - TRADIÇÕES E CULTURA

Os Masai cozinham no chão e para tal fazem fogueiras. Claro que não usam fósforos para atearem o fogo mas conseguem- no friccionando vários paus..










Quando chegámos à aldeia estavam a assar carne numa dessas fogueiras que distribuíram por um grupo de  que estavam sentados à sombra de uma árvore.

Cordialmente ofereceram-nos um pedaço. O meu marido comeu e disse que estava muito saborosa...para mim foi um momento bem embaraçoso pois não podia recusar mas a carne estava em sangue e tinha um aspecto que não me agradava muito. Todos olhavam para mim e eu com cara de enjoada de certeza, embora pensando na doença intestinal que iria apanhar, lá meti o pedaço de carne na boca e com subtileza ( acho eu..) tirei-o e deixei ficar escondido na mão até me conseguir livrar dele ( com remorsos)..
Os remédios naturais

Os habitantes desta aldeia estavam divididos por faixas etárias. Os que tinham 40-50 anos já considerados com bastante idade confraternizavam de baixo de uma árvore. Os que teriam idade à volta dos 60 anos debaixo de outra e os anciões ( com 70 anos já se considera muito idoso) mais  conversavam mais afastados dos grupos anteriores.


Por serem nómadas e morarem em locais bem isolados e distantes de hospitais, eles fazem os seus próprios remédios: para a dor de cabeça, dor nas costas e joelhos (já que dão muitos pulos como forma de competição nas suas cerimônias),para ajudar no parto e um especialmente pra dar conta das 10 mulheres (que alguns possuem) durante a mesma noite.
Os masai são poligâmicos e quando se casam devem dar 10 vacas para a família da mulher (ou seja, quanto mais vacas tiver, mais mulheres poderá adquirir).
Saitoti, o nosso anfitrião (falava um inglês perfeito) já tinha uma mulher e uma filha e no próximo ano iria casar outra vez pois estava a acumular e quase a atingir o número de vacas necessárias para tal..



Os casamentos são planeados, marcados por um homem que desenha um X vermelho na barriga de uma mulher grávida solteira. Se ela recusar, será desligada de sua casa. As mulheres só se podem  casar uma única vez na vida.
Os homens podem-se  "divorciar" mas terão que dar ao sogro o número de vacas pelo qual tinham comprado a esposa..
Os jovens Masais que foram circuncidados no mesmo ano permanecerão num mesmo grupo para o  resto de suas vidas. Eles ajudar-se-ão mutuamente e 
colocarão suas casas e esposas a disposição uns dos outros.








Quando a visita estava a acabar as mulheres da tribo mostraram-nos  obras de artesanato fabricadas por elas - pulseiras, colares e brincos bem coloridos cheios de missanagas como os que eles usam. Impossivel resistir..e foi uma forma mínima de os ajudar e agradecer tanta gentileza




Foi sem dúvida uma experiência intensa que nunca esquecerei ..Adorei ver os nossos nosmes gravados no braço do nosso guerreiro ..Adeus Saitoti!!!!!!!