quinta-feira, 5 de julho de 2012

ILHA DE PÁSCOA - HANGA ROA (1)

Hanga Roa é a capital mais pequena que alguma vez tinha visto...uma estrada, algumas casas, umas tendas de venda de artesanato, uns restaurantes onde se come ( e bem...) peixe acabado de pescar e...o mar de água fria, onde há sempre alguém a surfar.
No pequeno porto pode-se molhar os pés e os barcos esperam que o mar se acalme..não há pressa...no stress...


No porto encontrámos o primeiro Moai..

Tudo convida a um bom almoço num restaurante sobre o mar...o nome da cerveja fez-nos "descer à terra" e pensar na crise financeira portuguesa/europeia..


O que me cativou neste fim do mundo? a paz... o poder passear calmamente pelo campo " alcatifado de verde" que envolve a cidade, sem movimento, sem estradas, sem trilhos...só mar, céu, nuvens e..algumas estátuas.....


Até  encontrámos uma pedra  cheia de sentimento...gritava ao vento que passa...


Embora não simpatize com  Manuel Alegre como pessoa..esta pedra, para mim, tinha tudo a ver com  a sua Trova do vento que passa...

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio — é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre


3 comentários:

  1. Até que enfim conheço alguma coisa do Manecas. A capital é como as nossas aldeias, quintais fechados artesanalmente, galinhas a passear dentro e fora, árvores de fruta e ....tudo perto. Quando chegámos queríamos comprar água potável mas foi complicado saber onde, depois lá encontrámos um mercado mas era melhor ter comprado vinho, tão cara ela era. O que vale é que para onde nos voltássemos tínhamos companhia........os moais. ZM

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  2. As fotos são lindas, gostei muito.
    Beijinhos
    Rafael Mendes

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    1. Obrigada Rafael!! Em breve vou aqui reviver a viagem à Índia...bjinhos

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